
Exposição, audiovisual e livro debatem a maternidade crítica
Lançamento de “Madonnas e Fridas: Arte e Maternidade como Agenciamentos Políticos” será na próxima sexta-feira (12)
A maternidade real vai muito além de conceber, gestar, dar à luz e criar um filho. E quase nunca ela é da maneira romantizada que nos fazem parecer. Em torno desta temática, há a sobrecarga física, psíquica e financeira de ser mãe solo – em muitos casos -, depressão pós-parto e puerpério. Há, para algumas mulheres, a memória da infância marcada por traumas familiares, abandonos parentais, ausência materna e outras violências. Sem contar aquelas que sofrem pressão social para ser mães, as que têm impossibilidade biológica de gravidez, e, ainda, as que sofreram perdas gestacionais.
A grandiosidade da temática fez com que a artista Ana Sabiá criasse o projeto “Madonnas e Fridas: Arte e Maternidade como Agenciamentos Políticos”, um trabalho que se tornou livro e audiovisual e que será lançado em Florianópolis no próximo dia 12 de setembro, às 19h, no MIS-SC (Museu da Imagem e do Som), com entrada gratuita.
O projeto, contemplado com o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia – 17ª edição, Ministério da Cultura/Governo Federal), é a oportunidade de o público conhecer as ações construídas ao longo de nove meses da pesquisa poética e teórica, que refletem criticamente a experiência subjetiva e crítica de maternidades através da arte e da linguagem fotográfica.

Foto: divulgação
“Foi a partir das séries fotográficas ‘Madonnas Contemporâneas’ e ‘As duas Sabiás’, elaboradas entre 2012 a 2025, que estruturei minha pesquisa e escrita ensaísta na qual tramo artes visuais e processos criativos, literatura e história das mulheres por perspectivas feministas”, conta Ana.
Além da produção de dois textos autorais, a publicação conta ainda com outros textos críticos inéditos de autoria do antropólogo Massimo Canevacci, da artista Roberta Barros e da curadora Clarissa Diniz. O projeto na íntegra conta com pesquisa e escrita teórica crítica, criação da publicação impressa, convocatória pública à mulheres artistas para a criação da videoarte como ação integrante e colaborativa, elaboração do site e redes sociais como acervo e acesso à pesquisa, construção de atividades artística-formativas através das conversas ao vivo e online com 50 artistas.
Livro
Além das séries fotográficas e textos críticos, a publicação conta com ferramentas de acesso a outras mídias, através de QRcodes, para explorar as outras ações criativas e colaborativas integrantes do projeto: a Videoarte e as Conversas com Artistas. Essas ações foram criadas junto a mais de 50 mulheres artistas brasileiras que também trabalham maternidades críticas em suas poéticas fotográficas.
Projeto gráfico de Ana Sabiá e Willian Bazzo, os livros têm a tiragem de 300 exemplares e a primeira edição terá distribuição gratuita a agentes culturais e bibliotecas de Universidades Públicas do Brasil que tenham departamento de Artes Visuais. Os livros já enviados serão acolhidos em 18 universidades federais, 11 universidades estaduais, 6 institutos federais de Santa Catarina, além de 2 bibliotecas públicas e 3 centros culturais.
Videoarte
A elaboração da videoarte se deu a partir da ideia de criar uma analogia entre o desenvolvimento de um filho e o desenvolvimento de um processo criativo – ambos como grandezas necessárias nas vidas e na sociedade. Muitas artistas mães em suas casas estão tantas vezes desamparadas financeiramente, solitárias de apoios, excluídas dos circuitos artísticos, invisíveis às políticas públicas, ainda assim lutam para manter acesa sua expressão artística vital.
O desafio foi então pensar em uma organização ética, estética e política daquela miríade e potência dos trabalhos, na qual Ana considerou importante que a série fotográfica de cada artista aparecesse com inteireza conceitual para provocar minimamente afetos e compreensão. A videoarte é quase um curta-metragem que se divide em três capítulos, e conta com 20 minutos de duração: tempo estendido de descobertas, espera e transmutação, análogo ao processo gestacional, seja este de filhos ou de arte.
A trilha sonora da saxofonista, compositora e produtora musical Gaia Wilmer, foi fundamental para acrescentar mais camadas sensíveis na criação de diferentes atmosferas e sentidos.
Artistas selecionadas
Ale Baldissarelli | Ana Flor | Ana Musova | Andrea Bernardelli | Cecília Carvalho | Chris Bueno | Clarissa Borges | Coletivo Lumaterna | Cristal Luz | Cynthia Barros | Dani De Moraes | Daniela Balestrin | Daniela Petrucci | Daniela Torrente | Di Menegazzi | Elisa Elsie
| Fabi Salomao | Fernanda Klee | Ilana Bar | Irmina Walczak | Jana Cunha | Jennifer Cabral | Karen Caetano | Laura Aidar | Leticia Valverdes | Lia de Paula | Luciana Whitaker | Luiza Kons | Madame Pagu | Malu Teodoro | Mari Queiroz | Marian Starosta | Mariana Hauck | Mariana Machado | Marina Luna | Marina S. Alves | Marisi Bilini | Marta Suzi | Melissa Flores | Monique Olive | Nana Moraes | Patricia Dias Belaestilosa | Patricia Goùvea | Paula Huven | Priscila Cunaccia | Sandra Resende | Tami Orlando | Tatiana Reis | Valéria Mendonça | Zuleika de Souza